O cantor e compositor Alceu Valença veio ao mundo em 1º de julho de 1946, na cidade de São Bento do Una, interior de Pernambuco, nos limites do sertão com o agreste. O envolvimento de Alceu com a música começou na infância, através dos cantadores de feira da sua cidade natal. Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês, três dos principais irradiadores da cultura musical nordestina, foram captados por ele pelos nostálgicos serviços de alto-falante da cidade. Em casa, a formação ficou por conta do avô, Paulo Alves Valença, que era poeta e violeiro. Aos 10 anos mudou-se para Recife, onde manteve contato com a cultura urbana, e ouviu a música de Orlando Silva e Dalva de Oliveira, alternando com o emergente e rebelde ritmo de Little Richard, Ray Charles e outros ícones da chamada primeira geração do rock’n’roll.
Em 1971, o compositor foi para o Rio de Janeiro e, com o amigo e incentivador Geraldo Azevedo, participou do Festival Universitário da TV Tupi , onde ganhou projeção participando do Festival Abertura, da TV Globo, em 75, com “Vou Danado Pra Catende”. Com o mesmo amigo, parceiro e conterrâneo Geraldo Azevedo, gravou seu primeiro disco, em 1972, pela Discos Copacabana. Em 1980, Lançou o LP “Coração Bobo”, pela gravadora Ariola e fez imenso sucesso no Brasil com a faixa-título e outras boas músicas deste trabalho, como “Tropicana”. Mas o cantor fez muitos outros sucessos na sua carreira como “Talismã”, “Papagaio do Futuro”, “Como Dois Animais”, “Cavalo de Pau”, “Na Primeira Manhã”, “Anunciação”, “Solidão”, “Pelas Ruas que Andei”, “Estação da Luz”, “La Belle de Jour” e “Tesoura do Desejo” entre tantos outros. Entre 1996 e 1997, junto com os amigos Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Elba Ramalho participou da série de shows intitulado “O Grande Encontro”, que percorreu diversas cidades brasileiras e foi registrado pela gravadora BMG em dois CDs : “O Grande Encontro” e “O Grande Encontro II”.
Em julho de 2000, Alceu Valença participou da noite “Pernambuco em canto: carnaval de Olinda”, no Festival de Montreux (Suíça), ao lado de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Naná Vasconcelos e Moraes Moreira. A partir de 2009, Alceu passou a trabalhar no seu filme Cordel Virtual – a Luneta do Tempo, que é um musical mergulhado na sua infância, no seu passado e este passado tem a trilha sonora das ruas do Nordeste, dos cantadores anônimos, coquistas, violeiros, emboladores, cegos arautos de feira, da música de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, do samba-canção dos anos 50, da música contemporânea brasileira., enfim um documento para se pensar a cultura do Brasil e do Nordeste.