Num certo dia ele chegou do norte
trouxe muitas crenças e veio pra um porão
se dizia chamar Luiz Alfredo
natural de Balsas, lá do Maranhão
guardava medo da cidade grande
mas não tinha aonde como se arrumar
falava em Deus e tinha trinta anos
dois dos quais,
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O Batuque Doido
Batem tambores nas danças de guerra
Nas festas ao luar
Batem as gotas de chuva na terra
A vida quer brotar
A fome bate um batuque doido
Pega o moleque, sacode e corrói
Quem te tirou a ternura que tinhas
Quem foi?
A fome bate na barriga o seu batuque doido
A fome bate, a fome bate
Bate a saudade na
Eu vi Ela na Viela
Eu vi ela na viela da favela
Da favela da marconi
De peruca amarela, a cinderela
Se sentia a sharon stone
Seus plural revela que ela, analfabela
Não formou-se na sorbonne
Mesmo assim armei a teia pra tetéia
O que é do home o bicho num come!
E quando eu dei o bote, no boteco um fuá
E pelo rebuliço,
Capataz
No meio da noite ele vai sair
com seu casaco-couro e cachecol
chicote preso firme à mão
a luz – olhos de sol –
o brilho no rosto e no facão
O vento, o mato em volta
e a solidão
maior, talvez, que a sua cicatriz
capataz!
se assim
Pegadas (Deise Capelozza)
Vou te seguir
Por todos os caminhos
Pois, hoje, eu adivinho
Tua vontade, o teu pensamento
Nada invento, não
Apenas compreendo
O bem que estás fazendo
A sensação que me provoca
O ato… de beijar tua boca
Vou por aí
Atrás de tuas ideias
Mas sem estar alheia
A tudo que se
Vozes da Cidade
Nos becos, bicos, boca-do-povo, o diz que diz (que diz que diz)
Nas línguas, beiços, papos, no canto dos bem-te-vis (bem-te-vis)
Fel no falar – o modo de dizer
Há no lugar um verbo a discorrer
As palavras voam nas asas dos aviões (aviões)
Os comícios loucos,