Das sombras quero voltar
Somente aprendi muita dor
E vi com tristeza o amor morrer devagar se apagar
Quero voltar
Poder a saudade não ter
Não ver tanta gente a vagar
Sem saber viver
Vou sem parar
Das tardes mais só renascer
E mesmo se a dor encontrar
Sabendo o que sou
Não
Quero te dizer, morena
Esse tempo nunca vai se acabar
Venha saracotear
Deixe dessa moda
Mexe nessa roda, vem
Deixe de mania
Cai nessa folia, vem
Canta uma trova mineira
Canta uma canção pra fazer o sol nascer
Primeiro quem for
Depois quem vier
Bate o pé no chão, morena
Esse tempo nunca vai
Maria Clara das noites fulêras
Das vadiagens
Da língua de benjoim
Primeira nas mulecagens
Tontura de cauim
Minha mestra nas traquinagens
Por que não voltas pra mim?
Seu beijo flor de viagem
Macio feito jasmim
Seu beijo flor de viagem
Macio feito jasmim
Minha mestra
Quando a tarde vinha ele chegava
E me ignorava de mansinho
Tinha um piano que tocava
E o meu coração em desalinho
Viajava dentro da canção
Mal a noite vinha eu calava
Esperando a morte que não vinha
Tinha meu avô que delirava
Tanto era o dinheiro que não tinha
Tão profunda sua solidão
Eu deixo para a mina
Filha de pai tão formoso
O cavalo mais fogoso
Carrossel, roda gigante
Sonhos meus de purpurina
Eu deixo para a mina
Uma promessa de amores
Duas fontes de alegria
E no céu as três Marias
Ah eu deixo pra menina
Tenho potes de surpresas
Tenho caixas de beleza
Um baú
Lento é o rio, manso é o mar
Pequeno é o céu pro teu navegar
Tímido é o sol, sombrio o luar
Pouco é o chão pro teu andar
Novas manhãs, vais descobrir
Galos e cães iram te seguir
Por aí vai viver, quem te ouvir vai
Do jeito que eu te amei
A noite vai escurecer
Vais então acender a estrela
