Aline Mendonça Luz

O Claro Canto dos Montes

Aline Mendonça Luz, excelente cantora brasileira, nasceu no dia 25 de dezembro de 1946, em Montes Claros, cidade no norte de Minas Gerais. Aline começou cedo: cantava nas serestas da família e, aos 12 anos, entrou para o conservatório Lorenzo Fernandez para estudar canto. Aos 17 anos foi morar em Belo Horizonte e em 1966 participou dos espetáculos “Taí Nosso Canto” e “Collage 66”, que revelaram o que de novo estava acontecendo nas artes mineiras. Era também a época da febre dos festivais. e Aline participou de vários deles, muitas vezes recebendo o primeiro prêmio. Também nesse período apresentou o show “O Velho e o Novo”, cantando com Clementina de Jesus. Em 1972, inscreveu-se no programa de calouros do Silvio Santos, em São Paulo, e ganhou cantando músicas como “Atrás da Porta” e “Expresso 2222”. Suas interpretações lhe valem a antológica nota máxima do crítico José Fernandes e uma crônica, no Jornal O Dia, na qual ele chama Aline de a Sarah Bernhardt da Canção.
Em 1973 mudou-se para o Rio de Janeiro, contratada pela RCA. Grava várias versões de “Amo-te Muito”, rejeitadas pela gravadora com a justificativa de serem pouco comerciais. Gravou, então, um compacto simples, com canções de Piry Reis e Geraldo Carneiro, que a gravadora não lançou. Aline acabou pedindo rescisão e saindo da RCA. Nesse período, Aline passou a sobreviver cantando nos cabarés da Lapa, mas sempre fiel à boa música brasileira. Um de seus fãs mais ardorosos deste período foi João Francisco dos Santos, o Madame Satã, para quem Aline sempre cantava “Nervos de Aço”. Participou de várias iniciativas coletivas, como o Circuito Aberto de Música Brasileira, que buscavam espaço para os novos músicos. Também apresentou shows bastante elogiados, como “Canto Mulato”, “O Riso e a Faca”, “Cante a Palo Seco” e “Batalhão das Sombras”. Aline participou intensamente do Comitê Brasileiro pela Anistia e dos movimentos de resistência ao regime militar.
Em 1979 funda a Companhia Vento de Raio, sua própria gravadora, e lançou o primeiro disco independente de uma cantora no Brasil. O disco é muito bem recebido pela crítica e entra na relação dos melhores do ano. Em 1982, foi a vez de “Uma Face, Outra Face”. Esse segundo disco mereceu uma crítica de Sílvio Lancellotti, na Folha de São Paulo, na qual Aline é chamada de a melhor cantora do Brasil, depois de Elis Regina, a santa baixinha. Junto com seu segundo disco, Aline produziu e lançou o disco do pianista e arranjador Helvius Vilela, “Planalto dos Cristais”. Conhecendo a dificuldade para lançar um disco independente, abriu as portas de sua gravadora, emprestando o selo, sem qualquer tipo de exigência, a músicos do quilate de Pascoal Meirelles, Alaíde Costa, Nivaldo Ornelas, Guilherme Rodrigues, Ricardo Vilas e outros, para que possam lançar seus discos.
Em 1986, em São Paulo, no Centro de Pesquisas Teatrais, dirigido por Antunes Filho, Aline aprofunda seu trabalha com a obra de João Guimarães Rosa. Em 1987, apresentou em vários espaços um ousado espetáculo solo de voz, “Amo-te Muito”, com canções entremeadas por textos de Guimarães Rosa. No ano seguinte (1988), Aline lançou o disco “Mares de Minas”, acompanhada em quase todas as faixas por Toninho Horta e Beto Lopes. Em 1987, Aline voltou a morar em sua cidade natal, Montes Claros. Nessa retomada da cultura mineira e sertaneja, a cantora Aline cedeu espaço cada vez maior para a ativista Aline, que chegou a presidir o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente local. Nesse período, Aline dedicou-se a uma vasta pesquisa da música popular brasileira, que resultou numa série de recitais temáticos, seguidos de debates. O chamado “Projeto Raízes e Antenas” foi articulado com sindicatos, ONG´s ambientalistas, movimentos sociais, universidades e escolas, e debateu temas como a ecologia dos cerrados, a desagregação da cultura sertaneja, a condição da mulher e os direitos humanos. Também o trabalho com a obra de João Guimarães Rosa se intensificou, produzindo trabalhos coletivos de grande envergadura, como a pesquisa “Grande Sertão Veredas e seus Ecossistemas”, o manifesto “O Melhor de Tudo é a Água”, a pesquisa “Cavernas do Grande Sertão”, a pesquisa “Ecossistemas Grande Sertão: Veredas – As Transformações Culturais e a Destruição Ambiental no Norte de Minas”, o projeto “Veredas do Peruaçu”, a pesquisa “O Ciúme em Grande Sertão Veredas” e o show “Alegria é o Justo”.
Aline construiu uma trajetória artística e humana das mais densas da música popular brasileira, mas aos 21 de outubro de 2003, com 56 anos, de idade, parafraseando Guimarães Rosa, Aline tornou a ficar encantada.

Principais Discos Originais de

Aline Mendonça Luz

1973 - Quase meio-dias/Viva México - RCA Victor (Compacto Simples)
1979 - Aline - Companhia Vento de Maio (LP)
1982 - Uma Face, Outra Face - Companhia Vento de Maio (LP)
1988 - Mares de Minas - Companhia Vento de Maio (LP)

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