Nos anos 60, a música brasileira consagrava a Bossa Nova. Letras elaboradas, harmonia sofisticada e uma batida nova que mesclava o jazz com o samba. Era a juventude da Zona Sul do Rio de Janeiro que renovava o cenário musical brasileiro. No entanto, nos subúrbios da mesma cidade, havia jovens que estavam mais antenados ao rock de Elvis Presley. dos Beatles e dos Rolling Stones. Era o Movimento Jovem Guarda que era vista por uma parte da intelectualidade como frívola por conta do tema de suas canções e de suas melodias pobres. A partir de 1964, quando a ditadura se instalou no Brasil, os integrantes da Jovem Guarda passaram a ser apontados como “alienados” por aqueles que combatiam o governo militar.
Nesse contexto, o rock e as baladas propostos pela Jovem Guarda eram a resposta perfeita para se evadir da complicada década de 60. Ao invés de se preocuparem com a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã, os espectadores preferiam dançar ao som de “Alguém na multidão” interpretada pelos Golden Boys. A principal influência da Jovem Guarda era o rock’n roll do final da década de 50, principalmente Elvis e The Beatles, e o soul da Motown, famosa gravadora norte-americana. As músicas – em um primeiro momento – eram versões em português de hits do rock estrangeiro, como a versão de “Girl”, dos “Beatles”, que se transformou na canção “Meu Bem”, sucesso na voz de Ronnie Von. Também “Stupid Cupid”, de Neil Sedaka foi um grande êxito com Celly Campelo cantando “Estúpido Cupido”.
Mais tarde, os astros da Jovem Guarda passaram a lançar suas próprias canções, encabeçados pelos principais compositores do movimento: Roberto e Erasmo Carlos. As letras falavam dos namoros, conquistas, carros e liberdade. Exemplos dessa temática são “Quero que tudo vá para o inferno”, de Roberto Carlos (1965) e “Festa de arromba”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos (1965). Entretanto, existia espaço para as baladas como “Devolva-me”, de Lilian Knapp e Renato Barros, um sucesso com Leno e Lilian. Igualmente, “Eu Te Amo Mesmo Assim”, composto e interpretado por Martinha, em 1966.
Todo o comportamento da juventude daquele período tinha referência na Jovem Guarda e seus astros: além da música, o modo de se vestir, as gírias e as expressões como “broto”, “carango”, “coroa”, “pão”, “pinta” e a clássica “é uma brasa, mora?”. Wanderléa, junto com Celly Campello, foi a primeira mulher da cena rock no Brasil e seu modo de cantar, dançar, se comportar e se vestir – de minissaia, botas, calças boca-de-sino, pernas e umbigo de fora – fizeram dela uma referência de mulher de atitude e vanguarda. Foi pioneira e revolucionária. Ela ficou conhecida como Ternurinha e Erasmo recebeu o apelido de Tremendão. A estética da Jovem Guarda – que foi também responsável por introduzir a guitarra elétrica em canções brasileiras, assim como a Tropicália – teve grande influência em uma nova geração de artistas da música popular brasileira que veio depois.
Com o fim do programa na TV Record, em 1968, os integrantes da Jovem Guarda tomaram rumos distintos. Pode-se pode afirmar que o movimento gerou três herdeiros diretos: o Tropicalismo, o sertanejo e o rock nacional. O Tropicalismo misturou os instrumentos elétricos aos acústicos brasileiros. Caetano Veloso e Gilberto Gil não tiveram nenhum preconceito em se aproximar de Roberto Carlos e sua turma. Esta amizade lhe valeu a linda canção “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” feita por Roberto Carlos quando Caetano foi exilado em Londres.
Em 1977, Roberto e Erasmo Carlos compuseram a canção “Jovens Tardes de Domingo”, para falar sobre o tempo em que estavam no ar com o programa Jovem Guarda. Em 1985, vários integrantes da Jovem Guarda se reuniram para uma gravação da canção:
Fontes:
Wikipédia
Toda Matéria
