sábado, 21 setembro, 2024

Aquele Artista

Aquele Disco

Aquela História

Aquela Memória

Aquela Rádio

Aquela Década

Aquele Clipe

Construção

Composição:
Chico Buarque de Hollanda
Artista(s):

Escute Este Som e Veja a Letra

0:00
0:00
A publicidade terminará em 

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague…

COMENTÁRIOS

Não escuta o som? Por favor, avise-nos.
Falta a letra? Está incompleta ou errada? Por favor, envie-nos um contato para enviar a letra ou fazer a correção.
Se parece tudo bem, faça contato para dar sugestões ou outra abordagem que deseje fazer.

1 Step 1

Contatos com Aquela Música
Contato ParaEscolha Um!
keyboard_arrow_leftPrevious
Nextkeyboard_arrow_right

MAIS DESTA CATEGORIA

NAVEGUE NO PORTAL

Artigo anterior
Próximo artigo
Aquela Música
Aquela Músicahttps://aquelamusica.com/musical
Somos um site orgânico voltado para a música. Destacamos artistas, discos e músicas do Brasil e do exterior. Também contamos a história da música e sua memória afetiva.